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Conheça o Plano de Trabalho da diretoria da AsMinC para o biênio 2025-2026

A nova diretoria foi eleita com a proposta de defender os servidores da Cultura em pautas relativas à valorização profissional, às condições de trabalho, aos meios para exercer o seu papel funcional, às atividades que possibilitem a saúde e a qualidade de vida no trabalho.

Para isto apresenta seu plano de ação, onde mantêm as atividades já iniciadas anteriormente e pretende desenvolver uma atuação continuada.

Clique no link a seguir e leia o PDF: Plano de ação AsMinC – biênio 2025-2026 .

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AsMinC vai apresentar o plano de trabalho da nova diretoria em Assembleia no dia 13/01

Assembleia Extraordinária Online da AsMinC

Data: 13 de janeiro de 2025 (segunda-feira)

Horário: 13h30 (horário de Brasília)

Local: Online via Google Meet – http://meet.google.com/xga-zhje-igy

Pauta

  1. Prestação de contas da festa de confraternização do MinC em dez/2024;
  2. Alterações de cargos na diretoria da AsMinC;
  3. Apresentação do plano de trabalho da nova diretoria da AsMinC.
  4. Apreciação de proposta de continuidade da parceria com a empresa Pulso Público.

Sua participação é importante para a Associação. Esteja Presente!

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Veja as confraternizações dos Associados da AsMinC de fora de Brasília

Veja as confraternizações dos Associados da AsMinC de fora de Brasília

Os associados da AsMinC de fora de Brasília de diversos estados enviaram fotos dos eventos em que participaram com o vale-confraternização da Associação. Veja as fotos:
  • Rio de Janeiro
  • Santa Catarina
  • Bahia
  • Rio Grande do Norte

Desejamos a todos Boas Festas e um Feliz Ano Novo!

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Carta de despedida da Diretoria da AsMinC (Mandato 2023-2024)

Caras e Caros Associados da AsMinC,

Com a eleição da nova Diretoria da AsMinC, nos despedimos com a tarefa de rememorar algumas ações realizadas nos últimos dois anos. Além da satisfação de ver o empenho de colegas no revezamento à frente da nossa Associação, temos a convicção de que os passos dados no passado precisam ser lembrados e avaliados constantemente para decidirmos juntos a atuação futura da AsMinC.

Iniciamos o mandato com a grande expectativa de que a transição governamental alcançasse os anseios dos servidores da cultura, tanto em relação à reconstrução do Ministério da Cultura e de suas políticas, quanto à melhoria das condições de trabalho em todas as instituições de cultura. A AsMinC definiu a sua presença junto aos dirigentes do Sistema MinC tão logo assumiram os cargos, dirigindo ofícios motivados pelas principais demandas dos associados. Dessas comunicações, foi possível estabelecer diálogo para uma série de assuntos: valorização do conhecimento/experiência dos servidores no planejamento e reorganização das instituições; presença de servidores nos cargos técnicos e de gestão; medidas para combater as formas de assédio; melhoria da remuneração dos cargos da cultura; criação de canais de diálogo com a representação dos servidores, etc. 

Realizamos uma consulta online aos servidores da cultura, reunindo questões sobre a categoria e de como avaliavam o ambiente e a infraestrutura de trabalho, as dificuldades enfrentadas e o que precisava ser melhorado em suas instituições. Levamos esse diagnóstico para a Alta Administração da Cultura nas diversas reuniões em que participamos. Nesse percurso, é possível verificar que parte das demandas dos servidores foi acolhida na reestruturação do MinC e das vinculadas, sobretudo por meio do fortalecimento das instâncias de integridade diante das denúncias sobre as formas de assédio que se avolumaram nos anos anteriores.

Ao longo dos meses, a aproximação com as entidades sindicais, em particular com a representação dos servidores da cultura no Departamento de Educação e Cultura-DEC da CONDSEF, foi importante para conectar os associados da AsMinC ao esforço de mobilização de toda a categoria. Com essa perspectiva, apoiamos a realização do Seminário da Cultura no final de 2023, evento híbrido que foi um impulso para a organização das pautas dos servidores, em destaque a que demandou a criação de um Grupo de Trabalho no MinC para construir proposta de uma carreira específica para o setor.

O trabalho da AsMinC também acolheu as demandas setoriais, considerando as diferentes questões apresentadas pelos associados de cada instituição: patrocinou o evento de confraternização de fim de ano do MinC e de atrações da festa junina e do Dia do Servidor; articulou a defesa de servidores do Iphan diante de conflitos gerados pelos gestores de algumas unidades; articulou o apoio jurídico para diversas questões coletivas e individuais dos associados; acolheu dúvidas e inquietações que puderam ser encaminhadas dentro dos canais institucionais para resolução de conflitos e outras providências.

Além disso, apoiamos com fôlego redobrado o movimento dos servidores para elaborar o Plano de Carreiras dos Cargos da Cultura – PPCULT, que incluiu a participação da diretora Thaís Werneck e dos associados Diana Dianovsky, Marcos Brum e Tiago Cantalice no GT da carreira do MinC; o engajamento do demais diretores e de grande parte dos associados nos Atos de Paralisação em Brasília e nos estados; e recentemente a contratação de consultoria de advocacy para continuar as estratégias de luta pela carreira.

Responsável por dar o apoio administrativo às atividades rotineiras, ligadas à gestão da comunicação, organização dos dados dos associados, atualização das informações administrativo-financeiras e dos convênios de saúde, Álvaro Siqueira Júnior foi um profissional atento sem o qual não teríamos como realizar os nossos deveres.

Agradecemos a todas e todos que ajudaram a enriquecer a atuação da AsMinC, como o colegiado da Setorial do Iphan, e aos que, ainda que pontualmente, colaboraram com ideias e ações. Afinal, uma Associação não é uma empresa voltada para clientes, mas uma entidade gerida cooperativamente por todos e para todos os associados.

Desejamos um ótimo trabalho para a nova Diretoria! 

 

E um feliz ano novo para quem faz parte da AsMinC!


Juliana Silva
Daniel Castro
Thaís Werneck
Adriana Nunes
Renata Galvão

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Associados da AsMinC de fora de Brasília ganham vale-confraternização

A Assembleia Extraordinária do dia 16 de dezembro de 2024 deliberou para dar um vale-confraternização aos associados adimplentes de fora de Brasília, no valor de R$ 50,00.

Para receber o vale-confraternização, o associado precisa enviar uma mensagem para o WhatsApp da Secretaria da AsMinC, (61) 98247-0015, informando o nome completo, a data da confraternização (com antecedência mínima de 24h) e se comprometer a enviar uma foto comprovando a participação na atividade em sua localidade.

Desejamos a todos Boas Festas e um Feliz Ano Novo!

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Jorge Vinhas fala à AsMinC sobre sua trajetória de mais de 40 anos na Cultura

Na última tarde de trabalho antes de se aposentar, Jorge Augusto Oliveira Vinhas chegou para a entrevista da AsMinC com o seu habitual sorriso e a grande generosidade para compartilhar informações sobre a sua vida e a trajetória profissional.

Carioca e botafoguense, Vinhas lembrou que tanto o time quanto a sua militância política foram herdados do seu pai, um funcionário de manutenção de aviões da VARIG que era também líder sindicalista. Por causa do trabalho, seu pai trouxe a família para a recém-inaugurada Brasília. De 1963 em diante, Vinhas viveu a juventude e a maturidade na capital federal, conhecendo as violências do regime militar, assumindo um papel na resistência política estudantil e mantendo a luta pela democracia e pela cultura brasileira nas diversas tarefas que desempenhou no serviço público.

Ao longo de quatro décadas como servidor público, Jorge viveu diferentes configurações do Estado Brasileiro. Viveu transformações fundamentais do Iphan e de suas políticas públicas. Trabalhou no Centro Nacional de Referências Culturais – CNRC, na Fundação Pró-Memória, no Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural – IBPC e, já no Iphan, esteve no gabinete da Presidência, no Conselho Consultivo e no Departamento de Projetos Especiais. Entre as muitas lições que tira de sua larga experiência profissional e política, uma das mais valiosas, e absolutamente atual, é: “A gente trabalha com o povo, com sentimentos, com legados históricos. E isso é uma marca que é preciso brigar sempre para ser reconhecida (…) Lutem pelo Plano de Carreira!”.

A entrevista foi realizada pelo antropólogo do Iphan Vinicius Januzzi na sala de reuniões da Superintendência do Iphan no DF. Além do bolo de laranja, Vinicius costurou a conversa com perguntas dos associados Daniel Castro, Diana Dianovsky, Juliana Silva, Renata Ceridono e Thaís Werneck.

“Mais brasiliense do que carioca”

Onde você nasceu e qual a sua relação com Brasília?

Bom, eu sou carioca, eu nasci no Rio de Janeiro em 1949 e vim para Brasília com 12 anos. Minha família foi transferida, meu pai foi transferido do Rio para cá. O meu pai se transferiu da VARIG para Brasília. Ele era inspetor de manutenção de aviões. Então, estou aqui mais brasiliense do que carioca. Gosto muito dessa cidade, também gosto muito do Rio de Janeiro, mas a perspectiva é continuar até o fim da vida aqui em Brasília.

Você se tornou um homem de Brasília…

Aqui criei a minha família, tenho quatro filhos. Fui casado com uma acreana e agora com uma brasiliense. Então, essa é a minha história de início de vida. E é bom destacar o seguinte: ao longo desse tempo, em quase metade da minha juventude, vivemos sob o tacão da ditadura. É importante destacar que foi um período muito difícil, ao mesmo tempo carregado de lutas pela liberdade, contra o regime de exceção, que marcou minha vida. E eu devo isso, inclusive, a meu pai, que sofreu porque foi demitido da VARIG por questões políticas, por ser sindicalista, e viveu um período muito difícil. Ele passou por essa questão de lutar pela liberdade, pela igualdade. Ele era filiado ao Partido Comunista Brasileiro. Então, eu comecei a observá-lo.

Bom, você viveu a ditadura no auge da juventude.

No Ensino Médio, eu fui aluno de uma experiência pedagógica chamada Centro Integrado de Ensino Médio (CIEM), que era um colégio ligado à UnB. Os professores eram alunos da UnB, do mestrado, etc. você tinha muita liberdade para discutir na sala de aula e o professor praticamente não falava. Então, os textos, os livros eram dirigidos para o aluno estudar, para ir em casa estudar lá. Muito debate em grupos. E o professor raramente dava o pitaco dele. Ele ficava só orientando. Nós tivemos uma greve, porque teve uma discussão lá, que eles queriam fazer um tipo de readaptação do CIEM. A gente formou o conselho de representantes estudantis. Foi todo mundo expulso. E isso na véspera de abrir o vestibular, né? Aí o que a gente fez? Conseguimos entrar na Justiça. Tínhamos que nomear um procurador para pegar o material para a gente. A gente fazia a matéria e devolvia para o procurador, que entregava e tal. Aí a gente passou, todo mundo passou. Fiz o vestibular, passei para a Engenharia. Depois de três anos eu desisti.

“A vida é boa, mas não dá diploma”

Queria que você falasse um pouco sobre o curso que você fez na Universidade de Brasília/UnB.

Eu passei em um concurso do Banco do Brasil em 1970. Era interessante porque a geração de 70 do Banco do Brasil era tudo universitário. O que era um problema, porque a gente sofria muito lá dentro do Banco, aquela geração antiga achava um absurdo a gente estudar e trabalhar. Aí depois de cinco anos, eu falei: “não, eu vou ficar louco aqui no Banco do Brasil”. Nesse período, fui para São Paulo encontrar um amigo meu que trabalha na clandestinidade, aí estava andando na rua e tinha um cartão assim: “A vida é boa, mas não dá diploma”. Diploma, né?

Voltei, me inscrevi no vestibular para Economia, passei. Aí fiquei trabalhando, até que um professor da economia me perguntou se eu queria fazer estudos no IPEA. Comecei a fazer o estágio e fui largando (o Banco). Larguei, quando estava quase concluindo a economia, aí nós fizemos a greve em 1977. Quem era o Reitor era o Capitão de mar e guerra, o cara do serviço de inteligência da Marinha. Nós articulamos um Dia pelas Liberdades Democráticas em todo o país, aqui, na USP, no Rio e tal. Havia muita expectativa porque era muita repressão, aí no dia fizemos a maior passeata dentro do UnB. Seis estudantes foram expulsos por causa dessa passeata. Depois que saíram as punições, nós decretamos greve para trazer de volta os que foram punidos. Essa greve durou de maio, junho, julho e agosto. Então, o que o Reitor fazia? Ele decretava recesso. A gente ficava em casa, reunia fora. Eu fazia parte do comando de greve, eu estou lá e me chamaram: “tem um pessoal aí ligado ao Presidente da República que quer falar contigo”. Eu falei: “o presidente”? “É, o pessoal até da geologia e tal. Você não quer ir lá?”.

Os quatro estudantes da geologia falaram que estavam em nome do Presidente da República, que não queria essa greve no quintal do Palácio Planalto. E que queria saber qual era a reivindicação. Eu expliquei que era a volta do pessoal punido. Enquanto a gente estava lá, a polícia veio fechando a Ala Norte do Minhocão. Já abriam os camburões. Estava em assembleia. Ele falou assim: “daqui a dez minutos as viaturas vão subir”. Lá para a pista que tinha depois do Minhocão. Caramba, deu dez minutos. Eles foram lá para cima. E eles falaram o seguinte: “em quatro e meia, o Reitor vai receber vocês com a proposta”. Mandaram a gente entrar no gabinete dele. Em quatro horas, quatro e meia, em cinco horas, ele chegou esbaforido: “Ou vocês acabam essa greve, ou vai todo mundo preso. Expulso”. Aí nós descemos, os professores apavorados. “Tem que sair todo mundo”.

Eu fui lá para a assembleia junto com os outros do comando de greve. Aí nós explicamos, vamos sair todo mundo, vamos dispersar. No dia de voltar (às aulas), a polícia foi me pegar em casa, eu fui preso em casa. O pessoal foi para a UnB. Aí teve um arrastão da polícia, prenderam uma porção. (…) Me deram logo uma chave de braço. Me pegaram por aqui e me jogaram no camburão. Nós estávamos a 100 por hora. E fazia aquela… Dava um tranco no carro e tal. Falei, “porra, será que vão me matar?” Aí me segurei e tal.

Rodaram, rodaram, rodaram. “Estamos saindo de Brasília?” (me perguntei). Aí, quando eu vi, abriu, era onde hoje é a Enap – onde ficava a Polícia Federal à época. Na hora que eu vi, já estavam chegando outros presos do comando de greve, né? Negócio barra pesada. Aí, bom, eu fiquei lá dois dias preso, prestando depoimento. Fui o primeiro a depor, eles ficavam naquela, (e eu) “não conheço fulano porque a UnB não tem turma, tem crédito” Os caras chutavam a mesa: “porra, vocês vão ver, vão ter que falar, quem é que está liderando essa greve?”.

Mostravam a minha foto com o megafone e tal. Falei que eu peguei porque eu estava pedindo calma pro pessoal. Era mentira. Na hora que, no segundo dia de depoimento, eu saía e tinha um cara com uma gravatinha e tal, uma malinha. “Você já ouviu falar do PIC?” Eu falei, “já”. É a Polícia de Investigações Criminais, né? Aí eu me lembrei logo do pessoal de Xambioá, tal, da guerrilha, né? “Pois é. Aqui vocês não estão falando, mas lá vocês vão falar, né?”. Falei, pô, aí ferrou, né?

Bom, aí sei que a OAB, Maurício Correia, que depois virou senador, descobriu onde a gente estava, porque a gente estava incomunicável. Só descobriram porque meu pai arranjou uma advogada, ela foi lá, ela conhecia até o delegado que me interrogou. (…) Estavam liberando aos poucos, porque a gente tinha prestado depoimento. Aí no dia que eu saí, esse cara do PIC foi junto comigo até o ponto de ônibus. Falou assim: “você não vai voltar para a UnB, não, né?” Falei, “por quê?” “Porque se voltar, você vai direto para o PIC”. Aí me deu uma paúra, cara.

Fui lá para a casa dos meus pais, nem da minha namorada atendia o telefone. Estava apavorado: “PIC, né?” Acabou o período de recesso. Voltamos. A greve continuou. Mas nesse dia que a greve continuou, prenderam sete de uma vez, começaram a cercar. Entraram na Lei de Segurança Nacional. Bom, eu estava expulso. Aí veio a expulsão de trinta. Acabaram com a lei do estudante. (…) Faltava uma matéria que era Economia Internacional. Aí o pessoal tinha um trabalho enorme que era a relação do Brasil com diversos países. O meu era com a Holanda.

Não tinha como pesquisar… Não tinha como sair de casa, não tinha como ir à biblioteca. Mas aí os colegas meus deram um jeito lá, me deram o material. Eu fiz naquela base, correndo. Aí o Décio, eu acho que era o professor. E eu era um bom aluno de Economia Internacional. Tinha boas notas. Aí me passou com o MI no trabalho. Mas foi o máximo que eu consegui. Mas somando o total das outras notas, eu estava aprovado. Ele fez um despacho para o decanato de extensão, falando que eu estava aprovado. Mas entre essa aprovação e pegar o certificado de diploma, durou um ano. Porque estava na área jurídica da UnB, que não se manifestava. Ia lá todo mês. A polícia ficou dentro da UnB até novembro.

“Tem que dividir o salário…”

E foi nesse momento que você também ingressou na área da cultura?

Passei no mestrado lá no Rio, mas não consegui ser chamado porque eram 20 vagas, eu passei em 18º lugar, mas reduziram para 10 vagas. Voltei pra cá. Eu estou assim no limbo, aí encontro um técnico do IPEA, que eu fui estagiário dele. Ele falou: “Jorge, pô, vai lá no CNRC (Centro Nacional de Referência Cultural) que o Fausto Alvim está precisando de gente lá. Vai lá, porque talvez você consiga. Diz que foi eu que te indiquei”. Eu me mandei para lá, e encontrei o Rogério (Dias). Fiz uma entrevista.

Então é aquela história que a gente dividiu o salário. Um cara seboso, que era o Roberto, que era o cara da administração: “A gente não pode dar o salário para você”. Não era salário, era um pró-labore. A gente não tinha carteira, nem nada. Porque o Centro juridicamente era uma ONG, sei lá, naquela época. Ele falou: “não, tudo bem”. Porque a gente estava ferrado, né? “Então você tem que dividir isso (o salário) aqui, né? Tudo bem.” Aí ficamos lá. Foi um período super interessante, porque a gente fazia muita pesquisa, né? Inclusive eu queria falar das pessoas que estavam lá. O Fausto era uma pessoa incrível, né? Matemático sem diploma. Era notório saber, né? A Clara Alvim, que era até filha do Rodrigo (Melo Franco de Andrade).

E como era o Aloísio Magalhães no CNRC?

Quando ele estava aqui, sempre tinha uns festejos. Além de tudo, ele tocava violão e cantava. E o cara era de uma elegância, sempre com o paletozinho com aquele lencinho aqui (no bolso). Sensacional. Uma boa relação que todo mundo tinha com ele. Muito aberto. E essa relação foi mudando ao longo do tempo com os presidentes e as presidentas do CNRC. Aí já era uma coisa mais afastada.

E você entrou como economista no CNRC, mas fazendo pesquisas de escopo geral?

Era pesquisador. Aí viajamos adoidado para os projetos do Aloísio Magalhães, né? E passamos uma boa temporada fora de Brasília, um mês, pesquisando o caju, pesquisando estratégias de sobrevivência da população do Nordeste. O Aloísio era muito articulado. Era a época do Golbery, né? Aquela história de ser a ditadura mais liberal, entre aspas, intelectual, né? Aí ele se articulou com o Golbery e conseguiu pegar, criar a Fundação Nacional Pró-Memória e fazer a Pró-Memória como executiva e ficar o SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que era a Secretaria do Patrimônio, como normativo.

Isso durou até, se não me engano, 1970, quando… 80, né? Aí virou IPHAN. E veio a época do Collor, aí foi extinto, e virou IBPC. Aí teve a medida provisória, se não me engano, em 87, que virou de novo IPHAN. O Aloísio fez uma ação judicial para tornar a gente celetista. Ele conseguiu isso aí, na Justiça Trabalhista, e pagou o que devia a gente, e assinou a carteira. Pagava bem para caramba. Até que veio a Constituição e ferrou a gente com esse salário até hoje.

Você trabalhou no CNRC, na Fundação Pró-Memória, no IBPC, no MinC…

Teve um período que eu virei diretor do SINDSEP-DF. Nós criamos em 1988 o Sindicato. Eu fui um dos fundadores da primeira diretoria. Aí fiquei cedido para o Sindicato como diretor.  Depois de três anos, eu voltei para o Iphan. Antes de ir para a assessoria de planejamento da Administração do Lago Norte, do Lago Sul, eu fui cedido para a Câmara dos Deputados para trabalhar com a deputada Maria Laura.

Foi nessa época que você pegou gosto pela atividade parlamentar?

Eu me envolvia (com o Congresso) porque, com o Sindicato, tinha muita questão dentro da Câmara, né? Que era a questão dos reajustes salariais e tal, e também carreiras, tudo isso discutido, que era bem abrangente a atuação do Sindicato. Aí vivia na Câmara, né?

A Maria Laura conseguiu se eleger, ela era presidente do sindicato, se reelegeu. Como já estava junto, me chamou para ir para lá. Desse período lá (na Câmara), fui para o GDF, voltei para o Iphan, aí o Lula foi eleito, e eu fui cedido para a FUNASA, fui ser assessor parlamentar na FUNASA. (…) Aí voltei pro Iphan, fiquei sabendo que no Ministério da Cultura ia abrir uma vaga nessa área parlamentar, aí eu acionei um pessoal. Eu fiz o mestrado na ENAP, aí eu falei com a Isabela, que estava com o chefe de gabinete do Ministro. Aí eu fui pra lá. Consegui, né? Isso em 2006. Fiquei lá até 2011, como assessor do Gil, e depois de um período que o Gil saiu, com o Juca, né? Aí não deu certo ficar com o Juca.

Voltei aqui pro Iphan. Desde então tô aqui, cumprindo essa tarefa da assessoria parlamentar. Não era nomeado, mas fazia às vezes de assessor parlamentar e também de secretário do Conselho Consultivo. Foi um período sensacional, né? Fiz grandes amizades com os conselheiros. Aprendi muito, né? Com as aulas que os caras davam, né? Aí veio a nova gestão (2019-2022). Fiquei no limbo lá, jogado no departamento, que hoje é o DAEI, né? Fiquei lá. Por sorte, o diretor não perturbava, né? Mas era um negócio assim, aquele negócio do que vai ser amanhã, né? Eu não tinha o que fazer lá, né? Eu não sou arquiteto, não sou engenheiro, né? (…) Felizmente, passou, né? O Lula foi eleito, aí eu dei uma respirada. Fui removido de novo para a assessoria. Estou lá até hoje. Fiquei um tempo lá substituindo e aí veio a Januária, que está fazendo um belo trabalho lá.

Passar pela sua trajetória é também passar pela história do Brasil, pela nossa trajetória de redemocratização…

Eu fui fundador do PT aqui em Brasília, que não tinha ainda representação política. Sou o número 1, ou 2, ou 3, ou 4, sei lá, da filiação do PT em Brasília. A gente trabalhou essa construção do partido. Tanto aqui que a gente ia para Ceilândia. Fomos para Goiânia passando três dias lá na periferia filiando, filiando, filiando, filiando. Tinha que ter um nome de filiação. Aí conseguimos nacionalmente o PT.

Quando teve a representação política, a gente estava praticamente pronto para o registro do partido. Aí teve uma festa de registro nosso, veio essa Câmara Distrital. Quando a gente viu a primeira composição, falei, “meu Deus. Será que a gente acertou? Que desastre”. O que tinha de radialista, que foi eleito na primeira composição, fizeram a festa.

Jorge, tendo passado pouco mais de quatro décadas, qual o projeto ou ação pela qual você mais sente orgulho? Um dos legados que você deixa para o IPHAN ou para o setor da cultura?

Em termos de legado, não sei se posso dizer assim, mas acho que a minha participação na questão parlamentar, que eu sabia que estavam indo recursos para a defesa do patrimônio, para a construção do patrimônio, ou então preservação do patrimônio. Então, acho que essa luta por emendas, para recompor o orçamento do Iphan em um nível que seja adequado para sustentabilidade, tanto sustentabilidade como sustentação do patrimônio, é fundamental.

E, na medida que seja entendida a importância do Iphan para isso e também para incutir na cabeça do povo a necessidade de preservação, quer dizer, educação, para ele se assegurar do patrimônio, eu acho que a contribuição nas emendas parlamentares é importante, porque você começa a se envolver, fazer com que os parlamentares se envolvam como representantes do povo nessa luta pela preservação e pela educação da sociedade em relação à defesa e à permanência dos bens, que vêm de geração para geração, estão lá desde os povos indígenas, passando pela escravidão, que são os legados que permanecem até hoje, com trancos e barrancos, com restrições, com uma série de faltas de entendimento, preconceitos.

Por outro lado, também, a questão da Secretaria do Conselho é uma coisa que foi legado para mim. Legado para mim como uma série de ensinamentos, e de amor ao patrimônio, porque as cabeças que tinham lá, com quem eu trabalhei, eram fantásticas. Pessoas dedicadas, acadêmicas, mas dedicadas, cientes do papel que estavam exercendo como membros do Conselho Consultivo, por não serem nem remunerados.

“Eu peguei praticamente toda a Fundação”

Cada vez que você foi e voltou, você encontrou um Iphan diferente. Você notou ao longo desse tempo, dessa trajetória, perfis de grupos de trabalho? Se tornou mais fácil trabalhar com as pessoas? Ou como elas lidam diretamente com a sua rotina? Como elas interagem com a hierarquia? Será que era diferente nos anos 80 do que é hoje? Essa pergunta é um pouco para entender como foi a sua interação com os diferentes grupos de pessoas que entraram ao longo do Iphan nessa sua trajetória.

No começo, era uma relação quase horizontal. Sob a batuta do Aloísio, que era um cara altamente carismático e super atencioso, super gentil. O cara era um gênio. Então tinha uma boa relação e ele praticamente entregava para a Clara Alvim o comando e a Clara era uma pessoa ótima. Super atenciosa também e muito querendo apoiar a gente com a sua experiência e tal. Então era uma relação quase que de amizade.

Quando eu saí e voltei, já era Iphan, quer dizer, já era Fundação Pró-Memória. Eu peguei praticamente toda a Fundação e aí também entrou muita gente que veio do MEC e tal. Então a gente tinha uma relação mais hierárquica. Porque o Aloísio faleceu, aí veio o Marcos (Vilaça). Então, aí já era um Iphan um pouco diferenciado. Tinha o presidente aqui, (que) não tinha mesmo as características do Aloísio, e depois, aí eu fiquei fora, como sindicalista, e essa volta agora, (num contexto) totalmente diferente. O Iphan mais encorpado, apesar do pequeno quadro, o Iphan mais encorpado e com suas tarefas bem definidas.

A gente fazia quase de tudo na época das duas primeiras décadas da fundação. Muita pesquisa, muito trabalho nessa linha. E agora, agora tem os departamentos bem definidos. Então, minha relação com as gerações foi sempre muito tranquila. Não sei se me vi como mais velho. Quando eu fui lá para o DPO, um cara me falou: “disseram que você era da pesada. Você participou da luta contra a ditadura?”. Tinha essa questão que vinha à tona.

Essa vivência na luta política, você acha que trouxe efeitos para o seu trabalho dentro do IPHAN?

O que eu aprendi é que você tem que discutir. Não entrar de roldão na coisa sem conversar, sem discutir, para ver qual é a linha política mesmo. Então isso aqui no IPHAN é importante, porque você tem que discutir muito. Não dá para tomar decisão isoladamente.

O trabalho do Iphan naquele momento, nos anos 80, também envolvia um grupo menor de pessoas. Imagino que vocês passassem bem mais tempo no trabalho talvez do que a gente passe hoje.

Muito tempo. Ficava direto lá, com happy hour… nem saía para beber, (bebia) dentro do Iphan mesmo. O Fausto bebia muito. Nossa, cara, tomava uma cachacinha.

Como era a relação do trabalho na cultura com o projeto de democracia?

A base do CNRC estava inspirada numa perspectiva dada pelo Severo Gomes, ministro do Geisel, e que era um cara progressista. E ele queria, junto com o Aloísio, definir um desenho nacional. Ele era dono dos Cobertores Parahyba. Então, a ideia dele, junto com o Aloísio, era delinear um desenho nacional, ou seja, algo peculiar ao país. Era isso que estava adjacente ao trabalho do CNRC.

Por exemplo, essa questão de tantas estratégias de sobrevivência que o Aloísio queria, que é para mostrar que se podia, a partir daí, ir mais além. Tanto é que uma das coisas grandes que ele fez que começou o patrimônio imaterial foi registrar o fazer, não da cajuína, foi da fábrica Tito Silva, que era o vinho (de caju). Ele queria que se preservasse o fazer daquele bem. Foi a partir daí que se lançaram as bases para a década de 1935 e 1951, posteriormente, que é a do patrimônio imaterial. Então, essas coisas apareciam sempre do fazer. O Aluísio era muito preocupado nisso aí, o fazer. Tanto é que ele se preocupava muito com a questão de como cruzar, como juntar cultura e educação.

“Lutem pelo plano de carreira!”

O que você considera relevante, nesse momento de despedida profissional do Iphan, para a formação do servidor para trabalhar com cultura?

Primeiro é o Plano de Carreira, no sentido da valorização do Iphan e dos seus servidores, que são muito qualificados. Eu acho absurdo o nível de qualificação para pouca empatia da burocracia do Estado para a gente aqui. No sentido de valorização dos órgãos e seus servidores. É um corpo técnico muito qualificado, no sentido de que estão envolvidos com a cultura nacional. Lutam por ela. Devem lutar pelo reconhecimento disso. O que passa pela criação desse bendito Plano de Carreira. Porque vai consolidar essa expectativa que a gente tem: Agora, sim, estão vendo que a gente é importante.

Não é importante para cada um de nós, mas importante para a cultura nacional, para o país, para a sociedade. Então, eu acho que desse período todo que eu passei o que eu posso dizer no final é: “lutem pelo plano de carreira!”. Porque vai dar substância para o que a gente vem criando ao longo do tempo. E seria a resposta para esse sentimento que a gente tem de preservação e de sustentação do patrimônio cultural brasileiro e da cultura em geral. (…)

A gente trabalha com o povo, com sentimentos, com legados históricos. E isso é uma marca que é preciso brigar sempre para ser reconhecida. E não deixar até que caia nesse sentido. Porque é uma luta que a gente vem travando, aos trancos e barrancos. Teve um momento que a gente chegou até a ter quase um plano de carreira aprovado, mas foi enfiado tanto penduricalho que acabou desfigurando totalmente e nem foi pra frente. Não interessava mais à gente.

Para que essa luta política aconteça internamente. Ela é de fato fundamental. Eu acho que agora, com vocês ali na ASMINC, é significativo nesse sentido. Até então, o sindicato, ele tem uma luta maior. Tem muita gente que também é atravessada pelo sindicato, mas a AsMinC, a associação, pode desenvolver um trabalho nesse sentido, de politizar mais os trabalhadores, os servidores, etc. E tem um instrumento. Tudo é política. Então precisa de um instrumento.

Agora com vocês que estão engajados nisso aí, acho que parte de vocês essa tentativa de informar o pessoal, se colocar, fazer entenderem a proposta do Plano de Carreira, tem que estar na veia de todo mundo aqui para poder ir para frente. Então, tentar envolver o máximo possível com a informação. Insistir mesmo.

Quais os conselhos que você daria para os novos servidores nos órgãos da cultura? Como viver com mais alegria nesse trabalho?

Conselho? Vai pintar um dinheirinho? (risos) Eu fiquei muito preocupado quando eu, nessa nova gestão, quando eu fui algumas vezes lá no DPA. Cara, eu senti um negócio assim… Mas o que é isso? Eu entrei, todo mundo olhando assim. E eu sempre senti que não havia um congraçamento entre o DPA e as demais unidades.

Não sei se porque eles achavam que trabalhavam mais, que o trabalho (deles era) pesado, enquanto (o da) gente era, pensava, curtia o patrimônio. E acho que melhorou um pouco. Acho que tem partido da direção esse tipo de comunicativos que abrir para conversar, para ver como é que trabalha de forma mais regular. Envolver as pessoas no mesmo projeto. Quando tem um projeto que é a preservação do patrimônio. E eles também têm que fazer parte. Talvez tenha que ter uma assessoria de congraçamento, não é? Pra fazer isso acontecer.

Quais podem ser as formas dos servidores aposentados colaborarem com as instituições federais de cultura?

É difícil, por exemplo, o que eu vou fazer como aposentado? Vou me dedicar à área cultural, continuo na militância. Agora, se me chamarem para presenciar alguma atividade na área cultural da administração federal, pode ser que eu venha para contribuir. Mas, a princípio, eu quero ter um tempo de descanso. Que a gente tem uma experiência. Pode ser que tenha já defasado em relação ao momento de evolução que está tendo na parte da cultura e tudo mais. Porque, como diria um escritor, a experiência é como se fosse um farol aceso voltado para dentro.

Acho que tem uma certa restrição de olhar um aposentado que saiu e deixa ele lá descansando, não quer mais contribuir. A gente está vendo aí o Celso Amorim. Se for para o bem do país, se for ajudar, estamos aí. Tanto culturalmente, tanto na parte cultural como em outro lugar. Tem que deixar um legado nesse aspecto para as novas gerações.

CRÉDITOS: Vinicius Januzzi (entrevistador), Luciana Jobim (fotógrafa), Vinicius Januzzi, Juliana Silva e Thaís Werneck (revisão final).

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