A Associação de Servidores do Ministério da Cultura (AsMinC) vem a público manifestar-se ante a morte desse grande trabalhador da Cultura, Sérgio Mamberti. Foi com muita tristeza que recebemos, nesta sexta-feira (3), a notícia de sua partida, decorrente de uma pneumonia, aos 82 anos.
Ele era um homem que se comovia profundamente com a expressão cultural brasileira; que enchia e brilhava os olhos e deixava a alma tocar-se pela música, pela dança, pelo teatro, pelo cinema, pelas artes visuais; que comia e bebia cultura e Brasil.
Era um homem que via além dos preconceitos coloniais; que via tesouros civilizatórios nas culturas dos povos indígenas, na cultura afro-brasileira, nas culturas dos diversos povos e das diversas comunidades tradicionais, nas infinitas culturas populares; que via valor verdadeiro e necessário ao país na expressão cultural das mulheres, da população LGBT, das pessoas com deficiência, das pessoas em sofrimento psíquico.
O ator foi essencial para a construção das políticas culturais nos governos de Lula e de Dilma. Um militante histórico em prol das artes, Sérgio Mamberti foi secretário da Identidade e de Diversidade Cultural, pasta da qual foi o primeiro Secretário, colaborando para a decisiva atuação do Brasil na construção da Convenção da Unesco sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais; foi também secretário de Políticas Culturais, presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), além de ter substituído interinamente três ministros da pasta.
Mamberti notabilizou-se pela defesa dos direitos LGBTQIA+. Como secretário da SID, criou, de forma pioneira, os primeiros editais de fomento às culturas LGBT. Mais do que isso, praticou em sua vida um conceito ampliado de cultura – que contempla todas as formas de viver e de amar –, combatendo todas as formas de preconceito e de discriminação. Em todos os palcos, mostrou que o gênero e a sexualidade são, antes de qualquer coisa, performances culturais e artísticas.
Ele foi um homem comprometido e apaixonado pela cultura e pelo Brasil; um homem que, em sua arte e em sua gestão pública, sempre buscava ser um agente de transformação, em busca de um país e de um mundo mais justos, equitativos e solidários.
Nosso pesar e nossos sentimentos aos familiares, às amigas e aos amigos próximos, aos colegas do nosso saudoso Ministério da Cultura que conviveram de perto com ele, e ao povo brasileiro, que o teve por perto, tão presente, em múltiplos personagens, na TV, no teatro e no cinema.
Nossa homenagem e nosso profundo agradecimento! Sérgio foi um homem imprescindível para as artes no Brasil.
Vai-se o homem terreno, fica a sua obra, a sua herança cultural, a ternura e a tenacidade de seu olhar; e o seu espírito segue adiante, em outras jornadas, em outros palcos!
“Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém, há os que lutam toda a vida;
Estes são os imprescindíveis”, Bertolt Brecht
Serginho presente, sempre!!
Foto: Marina Ofugi – Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania